Metas e objetivos de ano novo estão muito mais ligados a ritos populares do que com planejamento propriamente dito. Podemos e devemos estabelecer metas em qualquer que seja o dia do ano.
Ultrapassamos a barreira do último dia do ano como se estivéssemos cruzando a linha de chegada de uma ultramaratona. Fizemos a contagem regressiva dos últimos dez segundos num sentimento misto de alívio e asco e fechamos a porta na cara de 2021 com tanta força, que o som da batida ecoou por mais alguns segundos ressoando todas as coisas ruins que pareciam ter ficado para trás.
Esse último ano se tornou um símbolo de superação, mudança e reflexão. Passamos muitos dias trancafiados em nossas prisões particulares, cada um da sua forma, alguns com muito conforto e fartura, outros viram suas economias se esvaindo em poucos meses. Mas, acabou!
Passada a euforia das promessas de fim de ano viramos a folhinha pendurada na parede e lá estava o dia 1º de janeiro de 2022, radiante, com todas as possibilidades de um recomeço formidável, cheio de chances e oportunidades únicas, pronto para ser inaugurado com todas as pompas que a circunstância merece. Após realizar todas as superstições tradicionais mundialmente conhecidas fomos nos deitar e o rito de passagem estava cumprido.
Ao acordar, no dia seguinte, uma surpresa: o ano virou enada mudou! A louça suja deixada sob a pia continuava lá, a conta bancária também estava da mesma forma do dia anterior e os quilos a mais não haviam desaparecido. Tudo exatamente igual.
Criamos um misticismo demasiado encima do calendário como se o simples fato de um novo ano começar fosse suficiente para eliminar todos os problemas acumulados ao longo dos 12 meses que ficaram para trás. Esquecemos que o tempo é uma mera ilusão e que é impossível domesticá-lo. Tentar aprisioná-lo em um relógio ou em um calendário é ilusório, para não dizer ingênuo da nossa parte. Podemos tentar medir o tempo, mas não domá-lo.
Kairós, na mitologia grega, é o deus do tempo oportuno, enquanto Chronos é a medida linear de um movimento ou período, ambos têm relação com a maneira com que administramos nossos afazeres. Quando buscamos o equilíbrio entre ambas as formas de gerenciar o tempo podemos encontrar também um equilíbrio para uma vida mais realista.
Metas e objetivos de ano novo estão muito mais ligados aos ritos populares do que com planejamento propriamente dito. Podemos e devemos estabelecer metas em qualquer que seja o dia do ano. O tempo é o mesmo para todos, o que de fato muda é a forma com que agimos em relação aos acontecimentos que a vida nos proporciona.
Nossas ações reservam consequências que teremos que enfrentar mais cedo ou mais tarde, sejam boas ou ruins, dessa forma, é válido lembrar que devemos estar preparados para quando isso ocorrer.
O tempo é implacável. Não podemos controla-lo e não temos poder para conte-lo. Portanto, devemos ter consciência da sua grandeza.
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